segunda-feira, 18 de agosto de 2008

In vino, inventas

Por Cozinheiro 171


O Cozinheiro 171 prefere ficar incógnito, mas de cara já avisamos: de 171 ele não tem nada, é cozinheiro de mão cheia mesmo.

Hoje, como o título já diz, vamos falar de um assunto muito em voga: o vinho. Mais do que o vinho em si vamos falar do conhecedor de vinhos, que para ser sincero, é uma espécie raríssima.

Pra começar existe o fator sorte: uma pessoa para se tornar um sommelier, ou coisa que o valha, precisa de pelo menos duas coisas da lista abaixo:
· ter nascido em uma região com tradição na produção de vinhos;
· ter muito tempo;
· ter muito dinheiro;
· ter um fígado de cabrito montês.

Sim, porque o conhecimento sobre enologia, como qualquer ciência (?) que se preze, precisa de muita dedicação para se desenvolver. Em outras palavras, tem que estar sempre “entornando”...
Ou seja, com honrosas exceções, se você não reúne nenhum destes requisitos, a chance de você conhecer alguma coisa que preste sobre vinhos é nula.

Mas não se desespere: você ainda pode fingir que sabe.

Abaixo você vai encontrar algumas dicas para impressionar aqueles amigos esnobes do trabalho da sua namorada.

1. Nunca pergunte se o vinho é suave. Vinho suave é coisa de quem não entende nada porque é vinho doce. E vinho doce é para sobremesa, se tanto.“Orra meu, mas lá na festa da Uva em Jundiaí tem uns garrafão de licoroso que ó...” Não adianta, esquece. Isto posto, jogue todo o seu estoque “daquele vinho da garrafa azul” ralo abaixo e passe para o próximo parágrafo.

2. Agora que você já eliminou os resquícios de jequice, vamos a um pouco de teatro. Quando você quiser impressionar alguém antes de beber o vinho, siga o seguinte ritual: segure a taça pela base e não pelo copo ou pela haste do copo; levante o copo e olhe para o vinho contra a luz, de preferência a luz de uma vela; faça comentários a respeito da cor do vinho usando adjetivos como rubi profundo, sanguíneo, para tinto ou dourado, límpido, cristalino, para branco. Antes de provar, inspire profundamente com o nariz praticamente dentro do copo. Faça um pouco de “cara de conteúdo” antes de provar o vinho. Uma vez com o vinho na boca faça um bochecho vigoroso antes de engolir (o ideal seria cuspir mas também aí já é demais...) Daí entra a parte delicada, as características que você vai descrever: se você sentir que tem alguém que sabe um pouco, vai mais “piano” usando os adjetivos mais manjados como “tânico”, “amadeirado”, “com gosto de frutas vermelhas”. Se você se sentir à vontade, escancara: manda um “sabor de couro”, “um quê de tabaco” ou um dos meus preferidos: “cheiro de animais molhados” e “estábulo”. Agora, se você quiser arrasar mesmo, tente encaixar no meio de uma frase “o retrogosto no palato mole” As poucas pessoas que entenderem o que isso quer dizer não vão acreditar que você disse isso e vão deixar barato...

Bom, chega de asneira. Isso aqui é pra ser uma coluna séria, com objetivos bem definidos. Portanto aí vai a dica séria.

3. Se você vai servir vinho, antes visite uma loja de sua confiança e descreva a ocasião, o menu e principalmente o seu orçamento.Com certeza você vai se dar bem.

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